segunda-feira, 29 de março de 2021

Algodão Links

 

A Fibra de Algodão

Todos os Links sobre a Fibra de Algodão:

Fervura do Algodão

As gorduras, ceras, pectinas e sais minerais contidos nas fibras de algodão cru constituem um obstáculo às operações de ultimação. A sua remoção eficaz é feita na operação designada por fervura. A fervura consiste num tratamento com uma solução alcalina a uma temperatura próxima da ebulição. Nestas condições dá-se a hidrólise das gorduras e ceras, facilitando a sua remoção. Como resultado obtém-se, portanto, um algodão hidrófilo.

Esta operação é normalmente efectuada numa solução de hídróxido de sódio a 10 a 50g/l, em presença dum detergente que seja resistente à soda cáustica e com bom poder dispersante. O enxaguamento subsequente deverá ser efectuado com água a ferver, para assegurar uma boa eliminação das ceras emulsiona­das sem haver coagulação.

Para além das ceras e gorduras, são eliminadas por este pro­cesso todas as impurezas solúveis do algodão, bem como as pec­tinas e as proteínas.

Como controlo do efeito da fervura, deve medir-se a hidrofi­lidade do tecido, por exemplo através do tempo de desapareci­mento duma gota de água colocada à sua superfície. No caso do tecido bem fervido, a absorção deve ser praticamente instantânea (tempo inferior a um segundo).

Caso o tecido não tenha sido desencolado, a fervura permite eliminar parte dos produtos de encolagem amiláceos, o que ésuficiente para certos fins.

Fervura do Algodão

 Maquinaria
Esta operação pode ser feita de forma descontínua, em rama, fio ou tecido, ou contínua, apenas no caso dos tecidos.

- Processos Descontínuos

Tradicionalmente a operação de fervura de tecidos é feita num autoclave. É uma máquina cilíndrica na qual é depositado o tecido em corda e na qual se faz a circulação do banho de fervura. Esta máquina pode trabalhar sob pressão, atingindo a temperatura de 130ºC. O tempo de operação é de cerca de 4 horas. Para evitar a oxidação da celulose em meio alcalino, deve expulsar-se o ar e em certos casos introduz-se mesmo um redutor como o bissulfito de sódio.

No caso da fervura de algodão em fio ou mesmo em rama, utilizam-se igualmente autoclaves com porta materiais apropria­dos. Dado que são estas mesmas máquinas que vão ser utilizadas na tinturaria, ocupar-nos-emos nessa altura da sua descrição mais detalhada.
A fervura de tecidos em autoclave é já pouco utilizada hoje em dia, por ser um processo longo e que opera em corda. Além disso, está provado não existir grande vantagem em trabalhar sob pressão.
A fervura em corda pode ainda ser efectuada numa barca de sarilho ou em jet, máquinas que se encontram descritas no capí­tulo do tingimento.
A fervura de tecidos ao largo pode ser efectuada em jigger. Trata-se duma máquina em que o tecido é trans­portado de um rolo ao outro, atravessando nesse percurso o banho de fervura. São necessárias várias passagens do tecido em ambos os sentidos.
Podem utilizar-se ainda outros tipos de máquinas, como por exemplo a máquina rotowa, constituída por um cilindro perfu­rado no qual se enrola o tecido e através do qual se vai bombear o banho de fervura.

- Processos Semi-contínuos

Para médias partidas, pode utilizar-se o sistema «Pad-Roll” (fulardar, enrolar a quente). O tecido é impregnado com o banho de fervura, espremido, pré-aquecido e enrolado. Após completado o enrolamento, a câmara de reacção é fechada e mantida a 100ºC durante 1 a 2 horas. Durante esse tempo, há uma lenta rotação para evitar que o banho se acumule no fundo.

Dispondo-se de várias câmaras de reacção, é possível traba­lhar apenas com as paragens necessárias para mudar de câmara.
Seguem-se os enxaguamentos, que podem ser feitos numa máquina de lavar ao largo.

- Processos Contínuos

Os tecidos podem ser tratados duma forma contínua quer em corda quer ao largo. Sempre que a qualidade do tecido o permita, é preferível trabalhar em corda, pois as máquinas são mais compactas.
Para o tratamento contínuo em corda, há as câmaras, nas quais, após um prévio aquecimento, o tecido é acumulado de tal forma que se consegue um tratamento contínuo a alta velocidade (da ordem de 100 m/min.) com um tempo de residência da ordem de 1 hora.
Para o tratamento contínuo ao largo, pode utilizar-se uma câmara em U, mas a capacidade do acumulador é naturalmente menor.
A fervura pode ainda efectuar-se em contínuo ao largo pelo processo Pad-Steam (fulardar-vaporizar). Neste caso, após impregnação do tecido com a solução de soda cáustica, o tecido é enviado ao vaporizador.

Para maior rapidez do processo, existem vaporizadores que funcionam sob pressão. Neste caso, a entrada e saída do tecido é revestida a rolos especiais com os quais se consegue um certo isolamento.

Mercerização do Algodão

Mercerização do Algodão

A mercerização aumenta o brilho dos artigos através da ocorrência de transformações físicas das fibras de algodão (a forma tradicional de “feijão” passa a arredondada, aumentando assim as superfícies de reflexão).

- Aumenta a sua resistência à tracção;

- Aumenta a absorção de corantes;

- Aumenta a estabilidade dimensional dos artigos;


A mercerização apresenta as seguintes vantagens:
- Aumenta a afinidade tintorial dos artigos;
- Aumenta a estabilidade dimensional;
- Permite uma cobertura do algodão morto e imaturo;
- Proporciona um brilho permanente (estrutura arredondada);
- Melhora qualitativamente o aspecto geral;
- Permite uma geometria mais regular;
- Melhora a homogeneidade (uniformidade) dos tintos;
- Reduz o “pilling”;
- Aumenta a resistência à torção.

Máquinas para a mercerização
As máquinas para mercerizar tecidos podem ser:

Um simples foulard de mercerização (processo descontí­nuo), o tecido é impregnado com a solução de mercerização e enrolado. Depois é transferido para o rolo inferior, sendo em seguida esvaziada a solução de soda cáustica e feito um enxaguamento por meio de jacto de água. Após as diferen­tes lavagens e a eventual neutralização com ácido, o tecido sai da máquina.

Com funcionamento contínuo, existem as seguintes máqui­nas:
a) Máquina de mercerização com cadeias, na qual a tensão é exercida na direcção da trama por acção de cadeias, como numa râmola, sendo nessa fase efectuado o primeiro enxaguamento (estabilização).

b) Máquina de mercerização sem cadeias, na qual a tensão na direcção da trama é sob acção de rolos arqueados. Estas máquinas não permitem uma tensão tão elevada quanto as máquinas com cadeias, mas o espaço ocupado é menor e o perigo de rasgo perto das pinças é eliminado.

Desencolagem do Algodão

Desencolagem do Algodão

 
A eliminação da goma ou cola introduzida nos fios de teia é uma fase fundamental do tratamento prévio. É uma operação rea­lizada habitualmente após a gasagem.

Temos a distinguir dois casos:
a) Se o produto de encolagem for solúvel na água, como é o caso das resinas sintéticas e de certos derivados do amido, é suficiente uma lavagem alcalina com detergentes, operação simultânea com a eliminação de gorduras e ceras do algodão e de óleos de ensimagem do poliéster, referida adiante. Há apenas que ter cuidado com o tempo necessário para o inchamento das resinas sintéticas. Assim, se se introduzir um tecido encolado com álcool polívinílico em água quente, há um inchamento super­ficial instantâneo da resina que impede a penetração do banho de lavagem no interior da fibra. Neste caso, é portanto conveniente um inchamento prévio em água fria.

b) Se o produto de encolagem for total ou parcialmente inso­lúvel, como é o caso dos produtos amiláceos, é necessário pro­ceder à sua eliminação por processos especiais. Com efeito, o amido tem uma estrutura muito semelhante à da celulose, e ape­nas por via enzimática é possível a sua eliminação eficaz sem degradar a celulose. É o único processo que permite reduzir o teor em amido a menos de 0,1% o que é fundamental normal­mente para o tingimento com corantes reactivos e o acabamento com resinas termoendurecíveis.

Para o efeito utilizam-se as amilases, enzimas que na maioria dos casos são de origem bacteriana. Dado tratar-se duma reac­ção bioquímica, é fundamental que os valores de pH e tempera­tura sejam devidamente controlados para maior eficácia da sua acção. É também necessário evitar a presença de produtos que sejam venenos para as enzimas, nomeadamente metais pesados, oxidantes, produtos fungicidas presentes na encolagem e diver­sos detergentes. A presença de detergente é fundamental para a melhor molhagem do tecido e a eliminação dos produtos de degradação do amido, mas a sua escolha deve ser feita de acordo com os conselhos do fabricante da enzima.

Esta operação pode ser efectuada por impregnação dos teci­dos com o banho enzimático imediatamente à saída da gasea­deira, actuando o próprio banho como extintor dos pontos de incandescência do tecido, seguida de enrolamento dos tecidos ao largo ou de colocação do tecido em corda em recipientes, com repouso durante algumas horas (tempo tanto menor quanto maior for a temperatura). Seguem-se os enxaguamentos, em des­contínuo ou contínuo, integrados já no processo posterior de fer­vura e branqueio.

Caso não seja necessária uma eliminação total do amido, poderá optar-se por uma desencolagem por via oxidativa, incluída então no próprio processo de branqueio descrito mais à frente. Menos frequentes são os processos de desencolagem com ácidos e por putrefacção, por conduzirem a apreciável degrada­ção da celulose. Caso se efectue a impregnação sob vazio parcial, graças a uma bomba de vácuo que aspira o ar do tecido imediatamente antes da introdução do tecido no banho de mer­cerização, consegue-se reduzir substancialmente a quantidade de molhante. Quanto à temperatura, embora esta operação seja tradicionalmente feita a frio, obrigando a uma instalação de arrefecimento dada a libertação de calor que se dá na reacção, estu­dos recentes indicam que é também possível mercerizar a quente com bons resultados. Em nossa opinião, é supérflua a instalação de arrefecimento.

A tensão deve ser exercida não só na fase de impregnação como muito particularmente na fase de estabilização, ou seja, na primeira fase de lavagem, na qual se vão dar as principais modifi­cações estruturais responsáveis pelas propriedades do tecido mercerizado. Essa fase de estabilização deve dar-se a uma tem­peratura elevada e o tecido só deve passar para os enxaguamentos seguintes quando a concentração de soda cáustica for inferior a 60g/l.

Dada a afinidade de soda cáustica para com a celulose, não é possível a sua eliminação total apenas por enxaguamento. Caso seja necessário que o tecido esteja neutro para a operação seguinte, dever-se-á proceder a uma neutralização, normalmente com ácido acético, seguida dum enxaguamento final para elimi­nar o excesso de ácido.

Gasagem do Algodão

Gasagem do Algodão

A gasagem ou chamuscagem é uma operação destinada a eliminar as fibras soltas dos tecidos de algodão por queima.

É normalmente a primeira operação realizada sobre o tecido após a tecelagem, pois é necessário que o tecido esteja bem seco. Podem ser utilizados dois métodos:

 Por passagem do tecido em contacto com um rolo ou placa de cobre ao rubro; é um processo pouco frequente, por necessitar de elevada quantidade de energia eléctrica.

- Por passagem do tecido na proximidade imediata duma chama; dado que a chama é obtida por queima de gás, a operação é então designada por gasagem.

O tecido pode ser submetido a um pré-aquecimento no qual é eliminada a humidade residual das fibras, podendo haver ainda uma caixa de limpeza, na qual são eliminados os pós e sujidade do tecido com um sistema de escovas e aspiração, aumentando assim a eficiência da operação. Segue-se a gasagem propriamente dita percorrendo o tecido um caminho segundo o qual as faces passam muito próximo da chama (em casos excep­cionais, pode gasar-se uma só face). Logo à saída da câmara é fundamental apagar todos os pontos de ignição. Isso pode ser feito por introdução do tecido em água ou, se não for conve­niente molhar o tecido, por ejecção de vapor ou esmagamento entre dois rolos.


O controlo desta operação pode ser feito actuando sobre os seguintes parâmetros:
  • Pré-aquecimento;
  • Velocidade do tecido;
  • Altura da chama.
Há que tomar os seguintes cuidados:
- se o tecido tiver sido encolado com resinas sintéticas, há que evitar a fusão destes produtos, que acarretaria a sua penetração nas fibras e como tal a grande dificuldade na sua eliminação, podendo provocar manchas no tingimento.
- se o tecido for em mistura poliester- algodão, há o perigo de fusão do poliester e o risco de endurecimento dos óleos de ensimagem das fibras, dificultando a sua eliminação posterior.

Os problemas acima referidos serão evitados se se proceder à gasagem após o tingimento.
A gasagem de tecidos de malha é pouco frequente. No entanto, existem já máquinas que permitem a sua realização.
Como vantagem complementar da operação de gasagem, e de salientar a redução do fenómeno de formação de borboto (pilling).

A gasagem faz:
 Elimina a pilosidade dos artigos que podem provocar “pilling” ou borboto;
- Torna a estrutura do tecido mais limpa, mais macia e mais brilhante;
- Reduz a tendência do tecido para se sujar;
- Permite a obtenção de cores mais nítidas e contornos de estamparia mais bem definidos.

 Defeitos:
Gasagem irregular (queimador não está regulado ao comprimento ou à largura, pode ainda provocar dobras ou vincos);
Ataque térmico a fibras sensíveis;
- Excesso de gasagem pode provocar perda de resistência ou até mesmo a rotura do tecido;
- Pode ocorrer a formação de nódulos (emaranhados de fibras).

Tratamentos prévios do Algodão

O objectivo das operações de tratamento prévio ou prepara­ção dos artigos têxteis é a eliminação nas fibras das impurezas que elas contêm e melhorar a estrutura do material de forma a melhor estar apto às operações posteriores de tingimento, estamparia e acabamento.

Estas operações podem ser feitas em rama, em fio, em tecido ou mesmo após confecção, em casos particulares.

Os tratamentos prévios para a fibra do algodão são os seguintes:

  • Gasagem;
  • Desencolagem;
  • Mercerização;
  • Fervura;
  • Branqueamento.

Propriedades Químicas do Algodão

 

Propriedades Químicas do Algodão

Absorção de humidade:

Elevada, bom para ser usado junto ao corpo. O algodão tem a capacidade de absorver cerca de 50% do seu peso em água e aumentar a sua resistência quando molhado.

Taxa de recuperação de humidade:
RH= 8.5%, no caso de fibras mercerizadas esse valor passa a ser de 10.5%.

Propriedades eléctricas:
Bom condutor, não tendo tendência para formar electricidade estática.

Propriedades térmicas:
Fraca, quer do frio quer do calor, pois os tecidos retêm pouco ar.

Resistência mecânica:
Boa resistência ao uso. Resistência a molhado superior à resistência a seco.

Resistência a ácidos:
Fraca, dissolve-se com ácido sulfúrico concentrado.

Resistência a bases:
Excelente, a maior parte dos tratamentos posteriores utilizam bases (ex.: mercerização, fervura alcalina).

Resistência a microrganismos:
Má, sobretudo em condições húmidas. Cria bolores.

Resistência a insectos:
Excelente.

Resistência à luz solar:
Sofre degradação progressiva, amarelecendo.

Comportamento ao calor e à chama:
Arde facilmente, libertando um cheiro a papel queimado.

Propriedades Físicas do Algodão

A física têxtil estuda a estrutura e propriedades físicas das fibras. A matéria é composta por átomos ligados por forças de ligação de intensidade variável. É o modo como se distribuem os átomos e as suas forças de ligação que determinam as propriedades físicas dos materiais.
As propriedades físicas, são: comprimento; o índice de uniformidade; a resistência; o índice Micronaire, a cor e a percentagem impurezas, todas quantificadas pelos sistemas HVI.

Comprimento:

Este parâmetro é dos mais importantes na caracterização de um determinado algodão, devido ao facto de que na comercialização da rama, bem como no seu processamento, ser um dos responsáveis pelo custo da matéria prima e pelo bom desempenho do processo. As variações no comprimento de fibra atribuídas ao genótipo e à posição da fibra na semente são condicionadas por factores micro e microambiente. Mudanças ambientais ocorridas durante o período de floração da planta, podem limitar o inicio da formação das fibras ou atrasar o seu hiperatrofiamento e alongamento. Como o comprimento de fibras está directamente relacionado com a produtividade da fiação, titulo, resistência e uniformidade do fio, foram desenvolvidos métodos instrumentais para medição do comprimento de fibra, rápidos e reprodutíveis.

Índice de uniformidade:

Outra das propriedades importantes para o fiandeiro é o índice de uniformidade do comprimento de fibra, dado este traduzir a forma de distribuição do comprimento de fibra, pois uma grande variedade no comprimento tende a aumentar os desperdícios da fiação para além de provocar perturbações no processo. Este é normalmente expresso como sendo a razão entre o comprimento médio e o comprimento médio da metade superior.

Resistência:
É provavelmente uma das propriedades mais importantes, uma vez que contribuem tanto para o comportamento das fibras durante o processamento, como para as características do produto final. A percentagem de humidade tem um efeito considerável na resistência e o seu efeito depende do estado do algodão, do seu genótipo e maturidade. A resistência das fibras de algodão, individuais ou em feixe, aumenta com a humidade relativa até 60%. Crê-se que as diferenças de resistência entre diferentes tipos de algodão podem ser atribuídas em grande parte, se não totalmente a diferenças na estrutura e na morfologia destes, tais como o comprimento e a orientação das cadeias moleculares da celulose e os ângulos das convulções.

Índice Micronaire:
           O índice micronaire, dentro de uma variedade de algodão é geralmente a medida da sua maturidade. Na pratica, o efeito da mudança de índice micronaire, pode ser devido a dois factores: se há mudança na maturidade da fibra (factor ambiente) ou então se há mudança na finura básica do algodão (factor genético). O termo maturidade da fibra usado no mercado do algodão e seu processamento, não é apenas uma estimativa do tempo decorrido entre o inicio da floração e a colheita da fibra, mas sim uma combinação de factores genéticos e de crescimento, assim como a finura da fibra e a razão entre a espessura da camada primária e a da camada secundária. A afinidade dos fios aos corantes é directamente proporcional ao grau de maturidade das fibras.

Cor:

O algodão nunca é verdadeiramente branco. Todas as amostras de algodão apresentam uma coloração creme claro. A sua gama varia da cor caramelo escuro ao bege. Hoje em dia a cor é objectivamente medida num instrumento designado por calorímetro e expressa em termos de grau de cinzento ou amarelo. São dois os parâmetros que estão relacionados com a medição da cor: a reflectância, que indica o grau de cinzento da amostra. Das três componentes do grau do algodão – cor, percentagem de impurezas e preparação – a cor é a que se relaciona com factores ambientais.

Uniformidade do Algodão

A designação de fibra uniforme é uma expressão comercial e industrial, que define as fibras com características médias uniformes, ou antes, que variam dentro de extremos muito próximos. Cientificamente não se pode empregar esta expressão, porque não há nenhuma planta ou variedade com fibras completamente uniformes. Mas a industria e o comércio consideram como fibras ou ramas uniformes, aquelas cujo comprimento, grau e carácter variam relativamente pouco, mantendo-se quase iguais no algodão de um dado fardo. 


Uniformidade do Algodão
Relação entre a resistência e o diâmetro

Para se conseguir algodões com as características quase fixas ou uniformes, não bastará obter geneticamente variedades, com esses caracteres e depois propaga-las, sem qualquer cuidado. Quando se pretende criar um tipo de algodão com qualidades que se mantenham de forma a poder-se atribuir-lhe um prémio apreciável, torna-se indispensável isolar a variedade, para evitar possíveis cruzamentos de pólens ou misturas de sementes e cultivá-la com esmero, para as suas características se não desvirtuarem e antes se irem aperfeiçoando cada vez mais.
Só assim se pode conseguir a uniformidade relativa da fibra, que tanta importância tem para a fiação, por influenciar na espessura e resistência do fio e, portanto, na qualidade dos tecidos. Aparecendo fibras mais curtas e menos resistentes, em percentagem apreciável, dão lugar a que o fio fique irregular e parta mais vezes ao fiar e ao tecer, aumentando o custo do fabrico e piorando a qualidade e o aspecto dos tecidos.
A importância da uniformidade é tal, que algumas fiações dão preferencia às fibras mais curtas, desde que tenham comprimento, resistência e cor uniformes, deixando de comprar muitas vezes fibras mais compridas e sedosas porque são irregulares. A falta de uniformidade da fibra dá lugar a que o fio apareça num ponto mais grosso que em outro e que seja muito elevada a percentagem do desperdício, o que tanto prejuízo causa às fiações, quando se faz a penetração.
A uniformidade no comprimento é das características tecnológicas mais importantes das fibras, porque dela depende, em grande parte, a qualidade do fio e a possibilidade da sua utilização. Contribui para a regularidade do diâmetro e para a resistência do fio; e facilita o trabalho da fiação, contribuindo, portanto, para o embaratecimento do fio.

Resumindo, pode dizer-se que a qualidade de um algodão é o “ conjunto de propriedades físicas e de características ou atributos que determinam a sua utilidade.”

Carácter do Algodão

 

Carácter do Algodão

A resistência e o grau de aderência das fibras, embora não sejam considerados para a fixação do grau, são elementos muito importantes na apreciação do carácter do algodão, dependendo deles, em grande parte, a finalidade ou utilização que a rama pode ter. A resistência pode ser apreciada segundo três aspectos diferentes: resistência das fibras à rotura; resistência de uma mecha de fibras entre os dedos do classificador e resistência do fio.

As fibras individuais do algodão têm uma grande resistência, que é superior à dos fios de aço de igual diâmetro, partindo por isso muito dificilmente. Vê-se bem que a resistência do fio depende quase exclusivamente do numero de convulções das fibras, pois que estas desde que tenham as suas paredes normalmente formadas, como são unidas e torcidas pelo processo de fiação, ficam com uma resistência tal que as não deixa partir facilmente.

Comprimento do Algodão

O comprimento das fibras é uma característica hereditária das diferentes variedades, embora esteja sujeito a pequenas variações, dentro de certos limites, pela influência das condições climatéricas forem deficientes, toda a planta sofre, incluindo as fibras, cujo crescimento é afectado.

Por outro lado, sabe-se que é, sobretudo, durante o período de crescimento das fibras de cada cápsula que qualquer condição desfavorável à planta, mais prejudicará o comprimento da mesma. Examinando-se o comprimento das fibras de um lote de algodão da mesma variedade, verifica-se que todas o têm diferente. Tal variação é proveniente das diferenças individuais de cada planta e da variação existente entre as cápsulas da mesma planta e entre as fibras da mesma semente.
As variedades pouco uniformes apresentam diferenças muito sensíveis no comprimento das fibras de planta para planta, mas a variação de comprimento verifica-se mesmo nas fibras de cada semente, encontrando-se as mais compridas à volta da sua extremidade mais arredondada,  diminuindo o comprimento delas, sucessivamente, até às situadas na outra ponta mais aguçada.
O comprimento da fibra é uma das características que mais interessam à fiação, sendo por este motivo que tanta influência tem no seu valor, entre fibras do mesmo grau tem melhor preço aquelas que forem mais compridas.
As fibras mais compridas e uniformes são preferidas para o fabrico de tecidos finos e caros, mas, por outro lado, estas fibras podem ser mais bem pagas, porque dão menos desperdícios, produzindo maior extensão de fio, do que as fibras curtas e irregulares.
Os algodões podem dividir-se, segundo o seu comprimento, em rama de fibras curtas, médias e longas:
1º grupo – Fibras mais curtas que uma polegada;
2º grupo – Fibras com 1 1/32’’ a 1 1/4 ’’;
3º grupo – Fibras de 1 1/4'’ para cima.

Comprimento do Algodão
Diagramas dos comprimentos das fibras de algodão

As fibras de algodão quando absorvem a humidade do ar, perdem grande parte da sua elasticidade e dão a aparência de serem mais compridas. Quando se estica uma fibra, desaparece, primeiro, a ondulação e desfazem-se, em seguida, as convulções, que voltarão a refazer-se, quando a fibra tornar à sua posição normal. Se a humidade for demasiada, dentro dos limites acima indicados, o grau de elasticidade da fibra ficará diminuído, não retomando, por isso, a sua forma original, depois de esticada.

A distribuição do comprimento das fibras pode examinar-se no laboratório: - pelo método do alinhamento das fibras de um pequeno tufo; segundo o seu comprimento, de maneira a formar-se um diagrama; - ou então, pelo processo mais moderno e rápido, mas menos rigoroso, do fibrografo, que mostra a curva do comprimento das fibras, por um sistema foto-eléctrico.

Determinação da variação dimensional, peso por metro quadrado e largura aberta


Determinação da variação dimensional, peso por metro quadrado e largura aberta
Maquina de secar (Direita) e de lavar (Esquerda)


            Procedimentos de ensaios:
1-      As malhas chegam ao laboratório e ficam a relaxar durante 4 horas.
2-      Passadas as 4 horas, a malha é estendida em cima da mesa, de maneira a ficar o mais lisa possível.
3-      Marca-se um quadrados de 30×30cm como exemplificado na fig., e corta-se o mesmo, mas com uma margem de 20cm para depois ser seco ao ar, quando necessário determinar a variação dimensional da malha seca na maquina marca-se mais um quadrado na malha.

4-      Corta-se uma amostra de diâmetro de 100m2, e pesa-se a mesma, de seguida multiplica-se esse valor por 100, para se determinar o peso num metro quadrado.
5-      Marca-se dois pontos de Referencia, um em cada ponto da malha, e mede-se a largura da malha.
6-      Lava-se a malha com detergente a uma temperatura de 40ºC num ciclo breve.
7-      Coloca-se o provete que é para determinar a estabilidade dimensional ao ar suspenso num estendal, o resto da malha coloca-se a secar na máquina.
8-      Depois de seco coloca-se a relaxar durante 4 horas.
9-      Após relaxada, mede-se a variação da estabilidade dimensional, no provete seco ao ar, e se necessário no provete seco á maquina.
10-   Com a malha seca na maquina, medir novamente a largura nos mesmos pontos e retirar novamente o peso por metro quadrado.

Faz o que puderes, com aquilo que tens, onde quer que te encontres.

"Faz o que puderes, com aquilo que tens, onde quer que te encontres." -Theodore Roosevelt  + Frases

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